Novas mídias e estudantes colocam o ensino do jornalismo diante de um duplo desafio

Os professores de jornalismo enfrentam atualmente uma tarefa inglória: transmitir para jovens de 18 a 20 anos as regras, rotinas e valores de uma atividade que está sendo drasticamente alterada pela generalização da internet.

Isto tudo num contexto onde a popularidade dos cursos de jornalismo está em alta, segundo os dados dos últimos vestibulares em todo o país, mas, ao mesmo tempo, a atividade emprega cada vez menos profissionais e os recém-formados não têm outra alternativa senão o trabalho autônomo para o qual não foram preparados.

Este paradoxo desaparece quando se descobre que os jovens, na verdade, estão mais preocupados com a comunicação do que com o jornalismo. Eles não lêem jornais, nem revistas, esnobam a televisão e preferem a internet, o YouTube, as comunidades online e os sites de música digital, onde passam interagir.

A nova geração de estudantes procura nas faculdades de comunicação primeiro um ponto de encontro e, secundariamente, um ambiente de estudo. Isto causa arrepios em muitos professores, mas a realidade é que a preocupação dos alunos com a convivência está condicionando a forma como eles aprendem.

Aqui pode-se ver com clareza o conflito entre as aulas expositivas e as participativas. Na primeira, o professor tem o comando absoluto e o aluno, no máximo, pergunta e questiona. Numa aula participativa, o professor propõe projetos de comunicação que os alunos executam em grupos, somando habilidades.

Na aula expositiva, predomina a voz do professor. Na participativa, a ruidosa interação entre alunos é a marca registrada. Numa, a ordem, na outra uma aparente desordem, onde se combinam a necessidade de conviver e interagir com a vontade de criar.

Esta nova realidade bate de frente com a grade de horários e de disciplinas. A duração das aulas foi determinada pelo caráter expositivo, mas mostra a sua inadequação quando o professor tenta torná-la participativa. Aí o tempo é curto demais e os alunos freqüentemente invadem os intervalos e o horário de outras disciplinas, na tentativa de concluir o trabalho que iniciaram.

Isto é só uma amostra mínima das alterações que estão acontecendo dentro das faculdades e salas de aula em conseqüência de mudanças no exercício do jornalismo e na cultura informativa, principalmente dos jovens com menos de 23 anos.

O que acontece nas salas de aula das faculdades de comunicação afeta a situação das redações, pois é nelas que desembocam as contradições do ensino superior. Os projetos jornalísticos baseados em multimídia exigem um profissional polivalente, com experiência de trabalho em grupo, e o mercado está carente deste tipo jornalista.

Por outro lado, a super-oferta de recém-formados, que não encontram emprego em redações formais, torna inevitável a opção pelo trabalho em redes virtuais.

Os professores de jornalismo, e eu sou um deles, não têm alternativas senão mudar o sistema de ensino para ampliar o tempo dedicado às atividades criativas em grupo, dando aos alunos melhores condições de entrar no mercado de trabalho — seja em empresas, seja como autônomos.

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"Se a notícia é importante, ela virá até nós"

Pouca gente deu a devida importância a esta frase quando ela apareceu no relatório sobre novos hábitos informativos dos jovens norte-americanos, divulgado em janeiro de 2008, pelo Pew Research Center for the People and the Press.

O informe mostrou que 2/3 dos entrevistados com menos de 30 anos se informam por meio de grupos de discussão, mensagens de amigos, comunidades virtuais e páginas da chamada Web 2.0, ou Web Social, onde os conteúdos são produzidos pelos usuários.

Passados quase cinco meses, a frase virou um slogan na boca da maioria dos analistas da internet, a partir de um fenômeno que a imprensa mundial também deu pouca importância.

Cinco minutos depois de o pré-candidato a presidente dos Estados Unidos Barack Obama ter feito, no dia 18 de março, um pronunciamento sobre questões raciais num vídeo publicado pelo site You Tube, a mensagem já tinha sido visualizada por 1,3 milhão de internautas e foi reproduzida por 500 weblogs individuais. Hoje, o número de visualizações já ultrapassou os 4 milhões e não há mais como contar o número de blogs que passaram adiante o recado de Obama.

O fenômeno voltou às manchetes nos últimos dias porque os políticos envolvidos na campanha presidencial norte-americana começaram a perceber que toda a estratégia de marketing eleitoral por meio da mídia convencional simplesmente não está funcionando entre o eleitorado jovem.

Mais do que isto. Estava criando uma imagem falsa das tendências políticas porque o sistema de veiculação de informações e de formação de opiniões entre os jovens, com menos de 30 anos, simplesmente caiu fora do controle dos grandes marqueteiros eleitorais.

E está fugindo também ao controle dos estrategistas editoriais de jornais, revistas, emissoras de televisão e rádio. Se estiver certa a tese do Se a noticia é importante, ela virá até mim, o modelo editorial da imprensa terá que ser revisado porque ficará flagrante o seu anacronismo para a geração com menos de 30 anos — e que será a grande consumidora de notícias daqui a 20 anos.

As últimas pesquisas indicam que o caminho da notícia já mudou de sentido. Está ganhando cada vez mais intensidade o hábito de as pessoas sugerirem notícias a amigos e parentes. Há dois anos, eu tinha uns dois ou três amigos que faziam isso. Hoje meu correio eletrônico fica entulhado com recomendações de mais de 20 parceiros virtuais regulares e já não tenho tempo de ler tudo que me mandam.

Estão se multiplicando as comunidades de informação nas quais as pessoas trocam informações entre si. Mas, 80% dessas notícias ainda têm origem na grande imprensa e o restante em blogs e veículos alternativos.

Isto mostra que os jornais, revistas e emissoras de TV continuam sendo os grandes produtores de notícias jornalísticas, mas perdem rapidamente a capacidade de contextualizar a informação, elemento que foi, durante muito tempo, a sua principal ferramenta para incidir sobre o processo de formação da opinião pública.

Os amigos começam a substituir os jornalistas e editores como referência em matéria de relevância de notícias. Outra mudança não menos importante: a declaração de 30 segundos na TV, que os americanos chamam de “sound bite” , está trocada pelos vídeos mais longos, na preferência dos eleitores jovens nos Estados Unidos, como é o caso do discurso de Obama, com 37 minutos de duração.

Por outro lado, a presença cada vez maior dos jovens na Web está criando uma nova ferramenta eleitoral, o entretenimento-político. A música Yes We Can, gravada pelo cantor rapper Will.I.Am (um jogo de palavras que significa Eu Sou Will) em apoio a Barack Obama, já foi ouvida, em suas várias versões, por mais de 20 milhões de jovens norte-americanos no site You Tube. Will.I.Am integra o grupo Black Eyed Peas.

Jeff Jarvis, um bem-sucedido blogueiro e consultor em Web, cunhou a expressão press-sphere (midiasfera) para definir um ambiente informativo onde a imprensa não tem mais o monopólio da filtragem das notícias. A possibilidade de pular de uma fonte para outra usando os hiperlinks e a generalização das recomendações como ferramenta informativa estão transformando os leitores em editores de notícias.

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Programa ajuda a acompanhar usuários em vários blogs

Metade da diversão dos blogs é ler os comentários feitos por completos desconhecidos com nomes bizarros e pontuação absurda. Mas isso também é metade do tédio. Quando os comentários assumem o tom "você é um tremendo mentiroso", percorrer as longas listas em busca de contribuições mais interessantes se torna muito chato. A coComment é uma empresa iniciante sediada em Genebra que promete ajudar as pessoas, em suas palavras, a encontrar conversações melhores na Internet.

A empresa, originalmente financiada pela divisão de capital para empreendimentos do grupo de telecomunicações Swisscom, iniciou oficialmente suas atividades em fevereiro, e esta semana lançou uma nova versão de seu software que registra todos os comentários em blog que uma pessoa fez, ou aqueles feitos por pessoas que o usuário deseje acompanhar.
"Os blogs não passam por processo de revisão profissional, por processos de edição", disse Matt Colbourne, presidente-executivo da coComment, em entrevista recente. "Para isso servem os comentários. Mas, para quem comenta em 20 ou 30 blogs por dia, é difícil acompanhar o que alguém respondeu, ou o que essas pessoas estão dizendo".

O software gratuito da coComment permite que você decida os parâmetros sobre o que acompanhar e cria uma localização central para manter o processo organizado. É possível, por exemplo, acompanhar os comentários de uma pessoa que você considera interessante em diversos blogs, sem ler os blogs em si. Ou visitar um blog com 10 mil comentários e ler apenas os das pessoas que você conhece.

No momento, a coComment está acompanhando e armazenando 11 milhões de conversações, em 220 mil sites. Ela tem 550 mil usuários registrados, cerca de metade dos quais usam seus aplicativos ativamente. Eles estão bem distribuídos pelo mundo - 25% nos Estados Unidos, 10% no Reino Unido, 8% na França e na Alemanha, e 3% cada no Japão e na China.

A tecnologia é capaz de acompanhar conversações em hebraico, árabe ou qualquer outro idioma, ainda que por enquanto o software em si esteja disponível em seis línguas (inglês, francês, espanhol, italiano, alemão e português). Russo, chinês e holandês provavelmente serão acrescentados em breve.

Como empresa, a coComment planeja avançar em dois estágios. O primeiro, começando no próximo trimestre, dependerá de receitas publicitárias; os 550 mil usuários representam cerca de 100 milhões de páginas - e anúncios - visitados. A segunda será a venda de dados de pesquisa de mercado. "Será possível descobrir o que a massa de usuários pensa sobre um tópico, uma empresa, um produto, um político - até mesmo a constituição européia", disse Colbourne.

Colbourne afirmou que três empresas já solicitaram ao grupo que descobrisse o que seus usuários dizem a respeito dela. Os comentários que a empresa armazena são classificados de acordo com as informações demográficas dos usuários, o que os torna mais valiosos para os anunciantes.

O coComment é de uso grátis para os blogueiros. Eles podem acrescentar o recurso aos seus sites ou fazer dele o sistema de comentários em si. "Cerca de 85% de nosso tráfego vêm de blogs aos quais estamos integrados". O outro benefício para os criadores de blogs é que o sistema coComment pode elevar o número de visitas aos sites, o que pode representar uma oportunidade de venda de publicidade. "Não se pode inserir um comentário sem ir ao site", disse Colbourne. "Isso é importante para os blogs".

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Caso Isabella: dez policiais já fazem segurança de prédio

Dez policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) já estão fazendo a segurança no Residencial London, na zona norte de São Paulo, onde no domingo ocorrerá a reconstituição da morte de Isabella Nardoni. A menina, de 5 anos, foi agredida e jogada pela janela do apartamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da criança, no 6º andar do edifício, no dia 29 de março.
Até domingo equipes do GOE se revezarão, durante 24 horas, na vigilância do prédio. O objetivo é evitar tumultos como os que aconteceram no 9º Distrito Policial (DP), quando depuseram integrantes da família Nardoni. O supervisor do GOE, Luiz Antônio Pinheiro, passou a tarde no edifício. A rua do prédio será interditada às 23 horas de amanhã. A reconstituição do crime deve começar às 10h de domingo. No fim da tarde de hoje policiais do GOE começaram a demarcar a área destinada à imprensa em frente ao prédio.

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