A volta de idéia de separar meninos e meninas na escola
Pode ser que, no futuro, as salas de aula sejam divididas por gênero. É isso mesmo: uma cidade norte-americana, no Estado da Geórgia, iniciou um movimento que propõe separar os estudantes por sexo. Ou seja, luluzinhas pra cá e bolinhas pra lá. Em outras palavras, vão-se as paquerinhas que ajudam a passar o tempo daquela aula monótona de matemática que parece não ter fim. Sobram só as contas e problemas para solucionar, e se o trabalho for em grupo, não será mais possível escolher o gatinho mais maneiro, ou a gatinha mais charmosa para ter o famoso pretexto de encontrar depois da escola.
O principal argumento utilizado pelos defensores da separação dos estudantes por sexo é que meninos e meninas aprendem de formas distintas. De acordo com a psicóloga Carolina Nikaedo, da Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico (EDAC), de São Paulo, de fato há uma diferença entre os sexos durante o aprendizado. “A testosterona, por exemplo, já no útero diferencia a formação cerebral masculina, bem como a própria questão genética - os tais dos cromossomos X e Y”, comenta. Não é por acaso: historicamente, homens foram “feitos” para caçar, e mulheres, para cuidar da prole e da casa.
“O sexo masculino tem essa coisa focada, pois lá no passado seu único objetivo era trazer o animal para casa e alimentar a família. É por isso que a maioria não consegue compreender como alguém pode assistir televisão, falar ao telefone e preparar o jantar ao mesmo tempo. Já as mulheres têm um foco não tão dirigido, pois sempre tiveram que alternar a atenção em diferentes atividades paralelas”, justifica.
Também não é mera coincidência que as meninas, nos primeiros anos de vida, preferem, por exemplo, brincar de bonecas, enquanto os meninos gostam de arremessar e chutar bolas. “Com elas, há um maior desenvolvimento da habilidade motora fina, enquanto com eles o desenvolvimento maior é da habilidade motora global”, diz Carolina. No processo de aprendizagem, enquanto elas utilizam mais o hemisfério cerebral esquerdo, que é da linguagem, eles utilizam o direito, que é mais espacial. “Por isso as faculdades de Engenharia têm muito mais homens, e as de Psicologia muito mais mulheres”, afirma.
Na visão da psicóloga do EDAC, no entanto, mesmo com essas diferenças, separar meninos e meninas na escola não é uma boa alternativa para potencializar o aprendizado. “Não sou a favor da separação por gênero porque isso geraria meninas super boas na linguagem e meninos super craques na questão viso-espacial. A sociabilização entre os sexos durante a idade escolar é de fundamental importância no processo de formação. Além disso, os professores podem muito bem dar conta de trabalhar com esses diferentes potenciais”, defende.
E se o objetivo dos defensores pelo ensino segregado for acabar com os “flertes” em sala de aula, não necessariamente a separação por sexo será bem-sucedida. “Os adolescentes são muito profundos, e quando estão apaixonados, realmente tendem a mergulhar de cabeça. Há uma intensificação dos sentimentos nesta fase da vida. Mas ao mesmo tempo em que observamos uma queda no desempenho em função de uma decepção amorosa, um eventual namoro dentro da sala, se bem administrado pelo professor, pode até ser benéfico, servindo como estimulante para os estudos. Afinal, não é porque o paquerinha não está na mesma sala que a menina não vai estar em outro mundo, viajando em seus pensamentos”, completa Carolina.
A estudante Mônica Santos, que está no último ano do Ensino Médio, é contra a separação de meninos e meninas nas escolas. “Acho que a convivência entre os sexos é muito positiva. Seria chato demais estar em uma sala cheia de mulheres que falam ao mesmo tempo, sem ouvir umas às outras. Os meninos dão uma equilibrada no ambiente. Fora que a troca de experiências enriquece os estudos; eles aprendem com nosso jeito de ser e ver o mundo, e a gente também aprende a entendê-los melhor”, argumenta.
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