Fóssil de peixe com 4 patas seria 'elo perdido'


Cientistas britânicos disseram que o fóssil de um peixe com quatro patas ajuda a esclarecer o processo de evolução da vida no planeta.


A criatura tinha o corpo de um peixe e a cabeça de um animal mais adaptado para viver na terra do que na água.

Um estudo do fóssil, publicado na revista acadêmica Nature, diz que a espécie, Ventastega curonica, teria a aparência semelhante à de um crocodilo. Segundo os autores, a espécie, com 365 milhões de anos, chegou a uma "rua sem saída" em termos evolutivos e desapareceu.

Cerca de 100 milhões de anos antes de os dinossauros começarem a vagar pela Terra, a espécie Ventastega podia ser encontrada nas águas rasas e estuários da região hoje conhecida como Látvia.

De acordo com o autor principal do estudo, professor Per Ahlberg, da Uppsala University, na Suécia, a criatura tinha a cabeça de um tetrápode - animal adaptado a viver na terra.

O corpo, no entanto, tinha formato de peixe e incluía quatro nadadeiras primitivas.

"À distância, (a criatura) teria parecido um crocodilo. Mas de perto, você teria notado uma barbatana de rabo na parte traseira e uma guelra ao lado da cabeça, além de linhas de poros ondulando pela cabeça e corpo", disse Ahlberg.

"Em termos de sua construção, o animal já tinha sofrido a maioria das transformações de peixe para animal terrestre, mas em termos de estilo de vida, você ainda tem um animal aquático."

Especialistas acreditam que a Ventastega represente um importante estágio na jornada evolutiva que levou criaturas do mar para a terra.

No passado, os cientistas achavam que estes primeiros anfíbios foram evoluindo de uma espécie para outra de forma linear, mas a descoberta desse fóssil indica que essas criaturas foram se diversificando em ramos diferentes ao longo do tempo.

Ahlberg fala da descoberta de um outro fóssil, chamado Tiktaalik, em 2004, no Canadá.

Os especialistas acreditam que esse animal seja o elo que faltava na corrente evolutiva, preenchendo a lacuna entre os peixes e os mamíferos terrestres.

Segundo Ahlberg, a Ventastega é uma espécie posterior, mas é uma forma mais primitiva de transição animal.

"A Ventastega preenche a lacuna entre a Tiktaalik e os primeiros mamíferos terrestres. Todas essas mudanças nessas criaturas não estão acontecendo de forma ordenada", explicou. "É um mosaico com partes diferentes do animal evoluindo em velocidades diferentes".

"A Ventastega adquiriu algumas características de um animal terrestre, mas ainda não incorporou outras (…), por exemplo, a criatura tinha pés primitivos - mas com um grande número de dedos", disse Ahlberg.

"A Ventastega tinha, provavelmente, membros como os da Acanthostega (outra espécie de transição). Eram coisinhas pequenas espetando para fora, com um número estranhamente alto de dedos. Você tinha sete, oito, talvez até nove dedos por pé, ao invés dos cinco que você esperaria encontrar em animais modernos."

Infelizmente para a Ventastega, a quantidade alta de dedos não leva inevitavelmente ao sucesso evolutivo. A espécie se extingüiu. Outras criaturas continuaram evoluindo e tornaram-se nossos distantes ancestrais terrestres.





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